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28 Janeiro

Pesquisadores da Unemat retratam a degradação da Floresta Amazônica

Parte do que foi discutido na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), na Escócia no ano passado, foi sobre o emergente mercado de carbono, em que os países ou indústrias que tem um excedente de carbono gerado por suas atividades poderiam adquirir créditos de carbono como forma de compensação por suas emissões. Este mercado de carbono faz parte de um esforço mundial para combater o aquecimento global e, neste ponto, o Brasil apresenta um grande potencial representado por sua Floresta Amazônica.

As árvores, para seu crescimento, utilizam o carbono presente na atmosfera e o estocam. Devido a isto, a Amazônia é reconhecida e chamada de um “sumidouro de carbono”. Essa capacidade de reter o carbono representa um potencial econômico e conservacionista, uma vez que os grandes emissores mundiais de gases de efeito estufa poderiam estar pagando para que o Brasil mantivesse sua floresta em pé. O que ocorre, entretanto, é justamente o contrário. O país vem desprezando o potencial deste serviço ambiental prestado pela floresta e tem promovido uma escalada em seu desmatamento e em sua degradação, por meio de incêndios recorrentes e agravados pelos anos de severidade climática.

Essa interferência humana sobre a floresta tem comprometido sua capacidade de absorção de carbono, que hoje tem uma absorção neutra. Isso significa que estamos emitindo tanto carbono por meio dos desmatamentos e incêndios quanto a floresta é capaz de absorver, é o que o relata o professor Carlos Antonio da Silva Junior (Unemat, câmpus de Sinop), doutor em Agronomia, que liderou esta pesquisa.

Neste estudo o professor Carlos e sua equipe avaliaram os focos de calor por toda a bacia Amazônica, incluindo a floresta presente nos países vizinhos. “Nós ficamos muito surpresos com os números obtidos em nossa pesquisa. Além da floresta estar neutra em sua capacidade de absorção de carbono, observamos que o fogo é o pior inimigo da biodiversidade hoje. Entre 2001 a 2019, a área queimada foi maior do que a área desmatada em toda sua história. O fogo está cada vez mais presente em áreas de floresta e também nas Unidades de Conservação e nos Territórios Indígenas”, destaca o professor.

O professor Mendelson Guerreiro de Lima (doutor em Zoologia / Unemat, câmpus de Alta Floresta), também autor da pesquisa, frisa que no período avaliado do estudo o Brasil queimou uma área equivalente a 20% de sua floresta, mas o recordista é a Bolívia, que queimou o equivalente a 79% de sua área amazônica. “As emissões decorrentes dos incêndios florestais comprometem muito as metas assumidas pelo governo brasileiro nos acordos climáticos”, enfatiza o professor doutor Paulo Eduardo Teodoro (UFMS, campus de Chapadão do Sul), outro colaborador nesta pesquisa.

Os professores ainda citam um segundo artigo, liderado pelo professor Mendelson. “Neste segundo artigo nós avaliamos a intenção de pavimentação de toda a BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, que permitirá o acesso a grandes blocos intocados de floresta. Ambos os artigos evidenciam a necessidade de o Brasil formar uma força tarefa para conter os desmatamentos e os incêndios florestais por toda a Amazônia se o país pretender atingir suas metas climáticas”. O professor Mendelson ainda vai além e destaca a dualidade do governo brasileiro, onde estabeleceu metas ambiciosas em Glascow e, ao mesmo tempo, promove meios para a ocupação desordenada da floresta, como é o caso da BR 319.

Estes dois artigos foram desenvolvidos em parceria com pesquisadores de outras instituições e pelos alunos dos Programas de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos (PPGBioAgro) e Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), podendo ser acessados nos seguintes links:

 

SAIBA MAIS:

Fires Drive Long-Term Environmental Degradation in the Amazon Basin - https://www.mdpi.com/2072-4292/14/2/338

The “New Transamazonian Highway”: BR-319 and Its Current Environmental Degradation - https://www.mdpi.com/2071-1050/14/2/823


Fonte: unemat.br