Pantanal mapeado por satélite
Graças à imagens de satélite de alta qualidade, pela primeira vez, foi possível produzir dados mais precisos em relação ao uso e a ocupação da Bacia do Alto Paraguai. O lado brasileiro do complexo corresponde a 357 mil quilômetros quadrados divididos entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e abriga grande parte da maior área úmida continental do planeta, o Pantanal. Toda essa extensão foi mapeada por uma equipe técnica da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) em 2017 por meio do geoprocessamento. O trabalho começou em janeiro, após um convênio firmado por meio da Fundação Tuiuiú entre a Universidade e a ONG WWF-Brasil, que acompanha a ocupação da área desde 2002. “Como a organização faz parte de uma rede internacional comprometida com a conservação da natureza dentro do contexto social e econômico do país, ela buscou parceria com a UCDB para alinhar o trabalho com novas tecnologias e abordagens com o intuito de auxiliar no planejamento territorial, na preservação do ecossistema e influenciar a criação de políticas públicas”, esclareceu a analista de conservação do programa Cerrado Pantanal da WWF-Brasil, Julia Boock. Na Universidade, o projeto foi desenvolvido no Laboratório de Geoprocessamento. Em cinco meses, desde o início do projeto até maio, o mapeamento da bacia foi coordenado pelo professor Me. Fábio Martins Ayres. “Como os últimos dados colhidos pela WWF foram em 2014 e os mapas cartográficos estavam ultrapassados perto da tecnologia que temos hoje, não dava para nos basearmos neles. Então, tivemos de adaptar a metodologia, aplicá-la, para então gerar o produto. Foi um monitoramento constante em um espaço de tempo bem reduzido”, explicou o coordenador.
Durante a execução do plano de trabalho, o foco esteve voltado para as imagens captadas pelo satélite Landsat 8 disponibilizadas pela Agência Espacial Americana (Nasa). Registros feitos pelo equipamento no período seco, de julho a agosto de 2016, foram analisados por uma equipe técnica da UCDB formada não só por Fábio, mas também pelos professores Me. Ana Paula da Silva Teles e Me. Fernando Jorge Correa Magalhães Filho e por três acadêmicas de Engenharia Sanitária e Ambiental: Mariana Pereira, Milina de Oliveira e Maria Úrsula de Araújo. “Como temos em um único espaço áreas bem diferentes, primeiro fizemos um mosaico, depois geramos o índice de vegetação e, por último, classificamos cada pedaço para que o programa pudesse identificar as áreas antrópicas (de agricultura e pecuária) e também os espaços naturais. Junto com isso, podemos quantificar o quanto tem de água no espaço, além dos pontos de queimadas”, explicou a professora Ana Paula.
Mapeamento contribui para formação profissional A aplicação do geoprocessamento além de produzir dados mais precisos também propiciou a capacitação de acadêmicas de Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA) da UCDB. As alunas Mariana, Milina e Maria Úrsula foram acompanhadas por profissionais da área e puderam obter mais conhecimento a respeito da técnica. “Este trabalho foi muito positivo porque a gente percebeu como o geoprocessamento é uma ferramenta útil para o engenheiro sanitarista ambiental. Ao utilizá-la você não precisa ir até o local e tudo se resolve por meio de imagens de satélite. O profissional pode trabalhar em grandes áreas a partir desta tecnologia e evitar gastos com visitas”, pontuou Milina, de 22 anos, acadêmica do 7º semestre. Resultados obtidos por meio do trabalho também surpreendeu. De acordo com as acadêmicas, percebe-se que houve um aumento na área ocupada pelas atividades agropecuárias, principalmente na região do planalto da bacia, já que a parte da planície, pelo fato de alagar no período das chuvas, é menos visada por produtores de grãos e carne. “A partir do nosso estudo isso ficou bem claro, já que os anteriores não foram tão precisos por conta da tecnologia disponível na época. Diante desse cenário a precisão do trabalho é visível”, comemorou Mariana, também de 22 anos, acadêmica do 9º semestre.
Fonte: Diário Digital