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11 Dezembro

ESA exibe primeiras imagens de satélite que mede poluição do planeta

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) mostrou nesta sexta-feira (1) as primeiras imagens sem precedentes da poluição atmosférica na Terra enviada pelo satélite Sentinel-5P, lançado ao espaço em outubro, que representam uma nova dimensão em matéria de resolução e qualidade de dados.

"A grande conquista é a resolução das imagens, a precisão e os detalhes obtidos com esses dados. Realmente é poluição em 'full HD', se compararmos com medições anteriores de resolução inferior", afirmou o diretor de Programas de Observação da Terra da ESA, Josef Aschbacher, em entrevista coletiva no Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla m alemão) em Oberpfaffenhofen, no sul da Alemanha.

O espectrômetro de imagens multiespectrais mais avançado até o momento, Tropomi, instalado no Sentinel-5P, é o instrumento que coletará os dados sobre os diferentes gases presentes na atmosfera, ente eles o dióxido de nitrogênio, o ozônio, o monóxido de carbono, o metano, o formaldeído, o dióxido de enxofre e os aerossóis.

A "resolução sem precedentes" de Tropomi, com um tamanho de pixel de 7x3,5 km², permitirá uma cobertura global diária, com um volume de dados de aproximadamente 640 GB por dia, detalhou Aschbacher.

Trata-se de uma "nova dimensão" em termos de qualidade de dados e resolução, 12 vezes maior que a obtida até agora do espaço, o que representa uma "nova era nas medições da qualidade do ar", ressaltou o especialista.

"Temos cerca de 4 mil longitudes de onda por espectro e medimos cerca de 450 espectros por segundo e 20 milhões destas observações por dia", precisou Pepijn Veefkind, do Real Instituto Meteorológico da Holanda, ao mostrar várias imagens criadas a partir dos dados enviados por Sentinel-5P.


POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA SOBRE A CIDADE DE DELHI, NA ÍNDIA, FOI CAPTURADA NO DIA 10 DE NOVEMBRO PELO SATÉLITE SENTINEL-5P DA MISSÃO COPERNICUS (FOTO: ESA)


Richard Bamler, do Centro de Observação da Terra da ESA, reconheceu que os resultados superaram todas as expectativas e acrescentou que "esta missão, com 20 milhões de medições por dia, constitui verdadeiramente algo revolucionário".

O objetivo desta nova missão do programa europeu Copérnico de observação da Terra é oferecer informação sobre a qualidade do ar em tempo real, ou seja, três horas depois das medições, detalhou Bamler.

A informação obtida com a nova missão, coletada através do serviço de Monitoramento Atmosférico Copérnico, será utilizada para realizar os prognósticos da qualidade do ar e a tomada de futuras decisões relativas à mudança climática.

Também será de utilidade para o monitoramento de cinzas vulcânicas que influem na segurança do transporte aéreo e para os serviços de alerta em altos níveis de radiação ultravioleta, que podem causar doenças de pele.

Segundo dados de 2016 da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano são registradas 6,5 milhões de mortes prematuras no mundo, 11,6% delas relacionadas com a poluição.

Na União Europeia (UE), a contaminação do ar é responsável por 500 mil mortes prematuras, lembrou Aschenbacher.

Segundo o diretor de Programas de Observação da Terra da ESA, "estamos passando de um debate mais científico para um debate político, algo muito necessário e importante".

Aschenbacher disse que espera que, assim que todos esses dados estiverem disponíveis, os políticos saibam avaliá-los e aproveitem a oportunidade que para a correta tomada de decisões.

As imagens mostradas hoje são só um aperitivo dos dados que Sentinel-5P oferecerá uma vez que a missão começar a mapear diariamente 2.600 quilômetros do planeta com uma precisão jamais vista para conseguir novos índices na previsão da qualidade do ar.

O objetivo agora é que Sentinel-5P, o sexto satélite Sentinel do programa Copérnico, comece a funcionar a pleno rendimento nos próximos meses, detalhou, por sua vez, Erhard Diedrich, do DLR.



Fonte: http://epocanegocios.globo.com